Revista da Folha


Plasma ou LCD? Tire as principais dúvidas antes de escolher sua TV de tela fina



Telas finas, imagens maravilhosas, som de cinema. As TVs de plasma e LCD (cristal líquido) devem ser o próximo objeto de desejo das casas mais descoladas. Graças, principalmente, à queda de preços, que se intensificou neste ano e deve continuar: em 2002, quando as primeiras unidades começaram a ser comercializadas no mercado brasileiro, uma TV de plasma não custava menos de R$ 20 mil. Hoje, já é possível encontrar um aparelho por cerca de R$ 10 mil (em 12 vezes sem juros). No caso do LCD, um aparelho de 17" da Philips, por exemplo, que há um ano custava R$ 6.000, hoje sai por R$ 2.500.

Segundo dados fornecidos pela Eletros (Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos), o segmento de TVs de plasma e cristal líquido deverá representar cerca de 3% do volume total de vendas de televisores em 2008 (hoje são apenas 0,14%). No período, deverão ser comercializados cerca de 230 mil televisores dessas novas tecnologias, para um total de mais de 7,6 milhões de unidades.

No médio prazo, os televisores de LCD, plasma e outras novas tecnologias devem conquistar o espaço dos aparelhos convencionais por oferecerem vantagens, como painéis de pouca espessura, grandes dimensões, leveza, alto desempenho, conectividade (possibilidades de conexões com computador, máquina fotográfica e DVD) e excelente definição de imagem e som.

Considerando o preço ainda alto e a variedade de modelos, siglas e tecnologias, como saber o que comprar? A Revista consultou especialistas de quatro empresas do setor: Walter Duran, diretor executivo do Laboratório Philips, Marcus Trugillo, gerente de comunicação e propaganda da Sony Brasil, Rogério Molina, gerente de produtos de áudio e vídeo da Samsung, e Fernanda Summa, gerente de produto para a área de TVs da LG Eletrônicos.

Qual é a diferença entre TVs de plasma e de LCD?

A principal diferença técnica está relacionada ao processo de "mostrar" a imagem na tela. Marcos Trugillo, da Sony, usa uma metáfora para facilitar a compreensão:

- O painel de LCD (Liquid Cristal Display) é como um sanduíche em que o recheio principal é o cristal líquido. A luz é gerada por lâmpadas que ficam geralmente na parte de trás; a parte da frente é a tela onde se forma a imagem. Ao passar pelo "recheio", a luz é filtrada e controlada para formar imagens e cores na tela frontal.

- No plasma, ou PDP (Plasma Display Panel), o recheio do sanduíche é formado por minúsculas lâmpadas (como as fluorescentes). A luz é emitida por uma camada de fósforo que recebe uma radiação do gás ionizado (daí o nome plasma) presente no interior dessas lâmpadas.

Por que uma é tão mais cara que a outra?

Segundo Rogério Molina, da Samsung, quase todos os televisores de plasma do mercado usam o padrão de resolução de 852 x 480 pixels, conhecido como SDTV (Standard TV), padrão das TVs digitais via satélite e a cabo e também do DVD. Já os de LCD têm no mínimo 1.366 x 768 pixels, sendo que alguns chegam a 1.920 x 1.080 pixels, que é a resolução HDTV (High Definition TV), de alta definição. Se o plasma pudesse ter a mesma resolução, os preços seriam mais próximos, diz ele. Outro problema é a escala de produção: quando a do LCD for maior, o preço será mais competitivo.

O futuro da tecnologia de TVs de telas finas é plasma ou LCD?

É cedo para saber, dizem os consultores, mas Molina, da Samsung, e Trugillo, da Sony, acham que o LCD deve levar vantagem a longo prazo. Um LCD, diz Molina, consome em média 50% menos que um plasma com o mesmo tamanho de tela. Além disso, pode ter desde 15" até 65" e, em breve, atingir tamanhos ainda maiores. No caso do plasma, o tamanho mínimo no mercado está limitado a 42". Outra vantagem é a resolução: a partir de 23'', a do LCD é de 1.366 x 768 pixels, melhor para alta definição.

O que levar em consideração na hora de escolher?

A aplicação, o custo-benefício e o design. Hoje o plasma possibilita telas de até 60" com um custo mais competitivo. Ou seja, é interessante para o principal sistema da casa um home theather, por oferecer imagens mais dinâmicas com movimentos rápidos, característica dos filmes de ação e eventos esportivos. Já o LCD é competitivo em telas menores, de até 30'', e por isso são mais aplicáveis em um segundo ambiente da casa, como quartos, escritórios etc. O LCD oferece mais brilho em ambientes claros e com consumo menor de energia e é ideal para exibir imagens estáticas de computador, por ter um número de pixels por polegada mais alto que o plasma.

O que significa o número do contraste nas TVs de plasma?

De forma simplificada, é a relação entre o preto e o branco, o tom mais escuro e o mais claro da imagem, explica Marcos Trugillo, da Sony. Quanto maior o contraste, maior a possibilidade de distinguir nuances de cores parecidas. Hoje, os tops de linha podem ter uma relação de contraste de 10.000:1.

Mas Trugillo faz um alerta: nem sempre isso significa melhor qualidade de imagem. Segundo ele, são comuns modelos com alta relação de contraste, mas com péssima resolução no nível de branco (a cor é "forçada" demais e "estoura" a imagem) . Exemplo: imagine uma cena com nuvens no céu (vários tons de branco e azul); em branco forçado, perde-se todos os contornos e detalhes das nuvens.

Qual é a vida útil (sem perda na imagem) do plasma e do LCD?

Segundo Walter Duran, da Philips, ela é de dez anos para qualquer televisor. Fernanda Summa, da LG, e Molina, da Samsung, falam em cerca de 60 mil horas, o que equivale a pouco mais de 20 anos com um uso diário de oito horas. Trugilo, da Sony, concorda com esse número só para o LCD; o brilho da tela de plasma cai pela metade após 30 mil horas de uso, diz ele.

Todas as TVs finas já estão preparadas para TV de alta definição?

Não, responde Trugillo, da Sony. Há uma falsa impressão de que todo televisor de plasma e/ou LCD é digital e/ou de alta definição, mas são conceitos diferentes. Plasma e LCD são tecnologias de displays, o meio em que a imagem será mostrada.

Já HDTV e TV Digital são coisas distintas. A primeira diz respeito à forma de transmissão (quanto maior o número de linhas exibidas, melhor a imagem). Com a transmissão em HDTV, o sinal pode chegar a 1.080 linhas de resolução, contra as 240 do padrão atual (uma imagem de DVD tem cerca de 700). Algumas TVs de plasma e LCD já estão prontas para receber um sinal desse tipo.

Para transmitir um sinal em alta qualidade (HDTV), é preciso que exista a transmissão digital, sistema que permite que o sinal seja enviado através de cabos e antenas com muito mais informação, praticamente sem perda de qualidade, evitando ruídos e interferências. Além disso, ela permite agregar outros serviços, como programação automática para a gravação de programas, compra de produtos on-line, acesso à internet etc.

Assim, ter uma TV digital não significa ter uma TV em alta resolução. A imagem certamente vai ser melhor, assim como os recursos adicionais. Mas mesmo países que já convivem com a TV Digital há algum tempo têm apenas parte de sua programação transmitida em alta definição.

A TV de alta definição exige equipamento especial de recepção, mesmo nos modelos preparados HDTV?

Sim, o "set top box", que funcionaria como os decodificadores de TV a cabo atuais.

A partir da definição do padrão de TV digital, quanto tempo vai levar para que os fabricantes lancem seus modelos no Brasil?

Depende do sistema a ser adotado. Se for um dos já existentes (americano, japonês e europeu), basta o tempo da importação dos componentes. Para os fabricantes é muito simples. Se o governo decidir desenvolver um padrão brasileiro (idéia que já foi praticamente abandonada), pode levar mais tempo para o desenvolvimento de um sintonizador específico.

Quais são as entradas e saídas de cabos mais importantes em uma TV de tela fina?

1. Videocomponente, que permite a conexão com outros aparelhos de áudio e vídeo, como home theaters com alta qualidade;

2. HDMI (sigla para High Definition Multimedia Interface): o mais novo tipo de conexão, que está presente nos equipamentos mais sofisticados. Segundo Fernanda Summa, da LG, é considerada a melhor conexão digital e a única capaz de transmitir áudio multicanal (até oito canais) e vídeo de alta definição simultaneamente através de um único cabo. Além disso, a conexão é totalmente digital, o que preserva a qualidade da imagem;

3. RGB para PC, que permite ao usuário usar a TV como micro, acrescenta Molina, da Samsung; com ela, dá para acessar a internet durante o intervalo de um programa, por exemplo.

Para utilizar a TV como tela do micro: melhor plasma ou LCD?

LCD, que tem resolução maior em telas pequenas. Se o ambiente for restrito e o usuário estiver próximo do televisor, um LCD de menor tamanho é mais adequado. Se a distância for maior e o uso for coletivo -como mostrar fotos para um grupo de pessoas-, é recomendável tela grande (42" ou 50").

É verdade que as TVs de plasma têm problemas com imagens que ficam muito tempo estáticas na tela? Logotipos de emissoras de TV que ficam horas na mesma posição na tela podem ficar gravados definitivamente?

Sim, é uma característica chamada retenção de imagem (ou memória), explica Trugillo. Os modelos mais avançados, porém, já saem de fábrica com um sistema de proteção, para evitar o problema.

Os preços caíram aproximadamente 50% este ano: é hora de comprar ou é melhor esperar o preço do plasma de 42'' cair abaixo de R$ 5.000? Em quanto tempo isso pode acontecer?

Hoje, uma TV de plasma nos EUA custa em torno de US$ 3.000 (ou cerca de R$ 6.500). Considerando a realidade brasileira, é muito difícil chegar a esse patamar, principalmente levando em conta os impostos que incidem no Brasil, explica Fernanda Summa, gerente de produto da LG. Fatores como cotação do dólar, expansão da tecnologia, aumento da demanda e volumes de produção também impedem uma previsão segura.

A distância ideal para assistir a uma TV fina pode ser proporcionalmente menor?

O espaço mínimo indicado entre o espectador e a imagem deve ser de duas vezes e meia o tamanho da tela. A de 42'' tem 107 cm de diagonal visual e deve ser assistida a uma distância média de 2,7 m em qualquer modelo. Por outro lado, uma TV de tubo com tela de 42" pesaria mais de 130 kg e teria espessura aproximada de um metro -ou seja, a sala precisaria ser muito maior.


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